segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Soneto do Amor como um Rio

Este infinito amor que um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo,
Eu já não cria que existisse mais.

Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.

Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo

E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.

Vinicius de Moraes

Nenhum comentário:

Postar um comentário